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Misterioso peitoral dourado Mixteca gera debate entre pesquisadores

Atualizado: 4 de out. de 2022


Peitoral Mixteca descoberto em Monte Albán, México. OLIVER SANTANA/RAICES. Divulgação.

O peitoral dourado foi um dos mais de 120 artefatos de ouro encontrados em uma tumba no sul do México. Esse objeto levou os estudiosos e pesquisadores a um acalorado debate sobre quem foi o proprietário.


O magnífico peitoral dourado mixteca foi criado para ser usado no pescoço de um indivíduo do alto escalão mixteca. Este objeto foi descoberto na antiga cidade de Monte Albán, no sul do México, e está envolto em um complexo simbolismo e iconografia, que levou a várias interpretações diferentes sobre seu significado e identidade do seu dono.



Descoberta em Oaxaca

O importante passado pré-colombiano de Oaxaca, no México, ficou em sua maioria escondido até que o arqueólogo Alfonso Caso iniciou seu trabalho na região em 1930. Ele concentrou suas pesquisas e trabalhos arqueológicos na antiga cidade de Monte Albán, onde determinou que o local havia sido a antiga capital do império zapoteca por mais de 1.000 anos, mais entrou em declínio por volta do ano 700.


Com a cidade em crise, os zapotecas abandonaram o local e seus sucessores, os mixtecas, subiram ao poder em 900 d.C. Esse povo governaria a região até 1521 d.C., data em que teve início a ampliação da conquista espanhola na região.



Algumas evidências mostram que os mixtecas reutilizaram as estruturas zapotecas durante sua ocupação em Monte Albán, incluindo sepulturas reais. Caso localizou 176 túmulos e 20 edifícios no local. Após escavações realizadas em 1932, Caso descobriu o Túmulo 7, considerado por muitos como o achado mais magnífico já feito na Mesoamérica.


A sepultura com datação de 1330, continha mais de 500 objetos incluindo 120 adornos de ouro, revelando os mixtecas como os ourives mais talentosos do centro e do sul do México. Eles se destacaram na produção de ornamentos como peitorais, colares, pingentes e outros itens.


Uma das descobertas mais impressionantes de Caso foi um magnífico peitoral dourado, que ele descreve como “talvez a mais bela figura de ouro mexicana que conhecemos”. Além da beleza, o artefato também contém informações sobre a cultura mixteca e a complexa linguagem simbólica em sua arte.


Questões de identidade

Outra grande descoberta de Caso em Monte Albán está ajudando a fornecer um contexto importante para o peitoral. Os códices mixtecas podem determinar quem seria representado pelo peitoral dourado. Esses textos foram escritos em pele de veado, e narram os mitos de origem mixteca e a complexa genealogia de seus governantes, sacerdotes e guerreiros. Em conjunto com o registro dinástico maia, eles apresentam a única história documental já conhecida do Novo Mundo pré-colombiano.


Caso realizou estudos sobre os sistemas de calendário mixtecas que permitiu interpretar a parte dos ombros do peitoral, e concluiu que, cada peça correspondia a calendários diferentes que se cruzavam dependendo da reforma do calendário nos códices. Caso acreditava que o objeto representava um governante conhecido como Lord 5 Lizard (o nome e o número de uma pessoa são definidos por sua data de nascimento no calendário mixteca).


O professor emérito de arqueologia da Universidade de Calgary, acredita em interpretações diferentes. Ele afirma que o peitoral pertencia a Lady 3 Flint porque o cocar de serpente é o mesmo que ela usa em um dos códices. O peitoral também teria sido usado por sua descendente conhecida como Lady 4 Rabbit, que “o teria usado como herança para legitimar sua ascendência”.


Atualmente, o peitoral e os outros tesouros do túmulo 7 de Monte Albán estão no Museu de Culturas de Oaxaca, em Santo Domingo, México.



Fonte: National Geographic

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