O primeiro atlas do mundo agora é digital
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Mapa mostrando a superfície da Lua. Foto: © Bibliotecas Bodleianas, Universidade de Oxford. (CC BY-NC)
Em 1647, o astrônomo e cervejeiro autodidata Johannes Hevelius mudou a forma como a humanidade via a Lua ao criar o primeiro mapa detalhado da superfície lunar. Agora, um projeto das Bibliotecas Bodleian trouxe a obra de quase quatro séculos atrás: Selenographia, sive Lunae descriptio (“Selenografia, ou Descrição da Lua”) para a era digital. Essa iniciativa permite que qualquer pessoa, em qualquer lugar, explore o primeiro atlas lunar do mundo.
Essa obra é um tesouro, com enorme valor científico, compreendendo importantes observações e desenhos meticulosos da superfície da Lua. Criada por Hevelius – uma das grandes mentes do século XVII –, a Selenographia impressiona também por sua beleza, ilustrada com gravuras intrincadas produzidas pelo próprio Hevelius.
Hevelius foi pioneiro em sua precisão, mostrando que a superfície lunar era cheia de crateras, montanhas e vales. O atlas de Hevelius é composto por 111 placas e gravuras, mostrando todas as fases da Lua, além de um mapa que representa todas as características lunares como se fossem iluminadas pela mesma direção.
Esta obra notável chama a atenção de astrônomos, entusiastas da Lua e historiadores da ciência do mundo todo. Agora, uma versão digitalizada e de acesso aberto está disponível em nosso site no link:
Segundo a Chefe de Descobertas de Coleções Digitais da Bodleian, Judith Siefring, “Cerca de 75% dos usuários da Digital Bodleian residem fora do Reino Unido, o que demonstra que atendemos um público internacional”.
Johannes Hevelius (1611–1687) não era um astrônomo profissional, era somente um comerciante que virou conselheiro e, posteriormente, prefeito na cidade de Danzig (atual Gdańsk), na Polônia. Mas sua verdadeira paixão estava no céu noturno. Hevelius construiu um observatório no telhado de três casas vizinhas, batizando-o de “Castelo das Estrelas”. Ele construiu à mão telescópios, sextantes e octantes, incluindo um modelo de Kepler de 46 metros de comprimento. Sua construção atraiu centenas de visitantes, incluindo o ilustre Edmond Halley, famoso por descobrir o cometa que leva seu nome.

Retrato de Johannes Hevelius. Data: 1646 – 1649. Crédito: Rijksmuseum.
Além do atlas Selenographia, Hevelius criou um catálogo de 1564 estrelas. A partir de observações feitas a olho nu através de seus telescópios – todas as noites ao longo de cinco anos – Hevelius fez um desenho da Lua.
Mapas rudimentares da Lua já existiam na época, mas nenhum tão detalhado como o atlas Selenographia de Hevelius. “Considerando o equipamento que ele estava usando, o nível de detalhe do mapa é impressionante”, diz Malgorzata Czepiel, arquivista das Bibliotecas Bodleian.








