Hoje na História
29 de dezembro de 2013
Além dos vários títulos em diferentes categorias do automobilismo, Michael Schumacher conquistou sete Campeonatos Mundiais de F1 e uma impressionante variedade de recordes.
Poucos nomes do esporte mundial de elite despertam admiração como Schumacher. Ele é uma verdadeira lenda do automobilismo mundial e um gigante no mundo da Fórmula 1, considerado por muitos o melhor piloto de todos os tempos. No entanto, Schumacher não é visto em público desde que sofreu um terrível acidente enquanto esquiava em 2013.
Dez anos depois do acidente, a História em Destaque analisa uma década de incertezas.
Em 29 de dezembro de 2013, o campeão de F1, Michael Schumacher, sofreu um trágico acidente que mudaria irrevogavelmente sua vida.
Schumacher pilotou com maestria máquinas velozes por mais de 15 anos, alcançando uma glória incomparável, até resolver se aposentar em 2012, aos 43 anos.
Um ano depois, quando esquiava durante as férias em família nos Alpes franceses, Schumacher sofreu uma queda em uma pista de esqui, que resultou em ferimentos graves na cabeça. A lenda do esporte permaneceu escondido dos olhos do público desde então, com sua saúde envolta em mistérios e em um segredo quase impenetrável.
Imagem de Schumacher esquiando em 2000. EPA. Divulgação.
Agora, a exatos 10 anos daquele dia fatídico – apenas cinco dias antes de seu aniversário de 55 anos – vamos recapitular o que se sabe sobre a gravidade dos ferimentos, examinaremos os detalhes que escaparam da bolha de informação controlada.
Em uma bela manhã do dia 29 de dezembro de 2013, nas encostas de Méribel, uma famosa estância de esqui nos Alpes franceses, a lenda chamada Schumacher sofreu o seu acidente quase fatal.
Schumacher aproveitava as férias em família pouco mais de um ano após anunciar sua segunda e última aposentadoria da F1.
Ele estava nas pistas de esqui com seu filho Mick, com 14 anos na época – hoje piloto reserva da Mercedes. Ao descer a rota Combe de Saulire, Schumacher escolheu se aventurar fora da pista de esqui, entrando em uma pequena faixa de entre a pista Chamois e a Pista Biche. No entanto, esse faixa continha pequenas pedras.
O grande piloto de Fórmula 1 também era um esquiador habilidoso e competente. Ele até realizou uma corrida com seu nome no resort italiano de Madonna di Campiglio, onde a Ferrari organizava seu retiro anual de inverno.
Apesar da inclinação suave e curta distância da seção fora da pista, um perigo oculta estava à espreita. Escondidas entre a neve havia pedras, transformando a rota em um campo minado.
No momento da descida, Schumacher atingiu uma dessas pedras com seus esquis e foi catapultado no ar, batendo ferozmente a cabeça em outra rocha. O impacto foi tão devastador que o capacete usado por Schumacher quebrou a casca de proteção, e o crânio de Schumacher foi atingido, causando uma lesão cerebral traumática.
Em poucos minutos os patrulheiros de esqui e uma equipe de resgate de helicóptero chegaram ao local do acidente. Testemunhas afirmaram que Schumacher estava consciente após o acidente, mas não conseguia responder às perguntas e se movia de forma irregular.
Devido à gravidade da situação, a equipe rapidamente o imobilizou e transportou-o para o Hospital Moutiers, vizinho a estação de esqui, onde deu entrada às 11h53.
De lá, Schumacher foi transportado para o Centre Hospitalier Universitaire de Grenoble, uma instalação médica especializada em neurocirurgia, onde foram realizadas duas cirurgias para reduzir a pressão no cérebro – procedimento que salvou sua vida.
Após o acidente, uma investigação concluiu que Schumacher estava esquiando em velocidade normal e não seguia além de suas habilidades no momento do acidente. Muitos não imaginavam que os ferimentos sofridos – que certamente teriam sido fatais se ele não estivesse de capacete – seriam agravados por um acidente de moto em fevereiro de 2009, no qual ele sofreu fraturas na cabeça e no pescoço.
Poucas horas depois da primeira cirurgia, a anestesista-chefe do hospital, Jena-François Payen, falou com a imprensa e disse que o ex-piloto estava “lutando pela vida” em estado crítico, e que se tratava de “uma situação muito grave”.
“Não podemos realmente dizer quando ele irá recuperar – não podemos responder ainda”, concluiu.
O hospital que Schumacher estava recebeu reforça na segurança, e apenas pessoas de confiança podiam visitar Schumacher.
A equipe médica responsável por cuidar de Schumacher recebeu o reforço do amigo da família Gerard Saillant, especialista em lesões cerebrais e espinhais. Ele e sua equipe realizaram uma segunda cirurgia em um hematoma no lado esquerdo do cérebro.
Contra todas as probabilidades, Schumacher sobreviveu às duas cirurgias, mas permaneceu em estado grave por várias semanas.
De acordo com os jornais da época, em abril de 2014, os médicos estavam retirando gradualmente o coma induzido, processo concluído em junho do mesmo ano. Então, Schumacher foi transferido para o Hospital Universitário de Lausanne para a reabilitação contínua. Em setembro, ele viajou para a casa da família Schumacher, em Gland, na Suíça, às margens do Lago Genebra.
Em 2018, surgem os rumores de que Schumacher havia sido transferido secretamente por sua esposa Corinna para uma mansão particular na ilha espanhola da Maiorca, que se intensificaram em 2020, quando a ex-esposa de Flavio Briatore fez revelações surpreendentes em um reality show Big Brother versão italiana.
“Michael não fala, ele se comunica com os olhos”, disse Gregoriaci.
“Eles se mudaram para a Espanha e a esposa dele [Schumacher] montou um hospital naquela casa. Apenas três pessoas podem visitá-lo e eu se quem são”, disse ela.
No entanto, a família Schumacher refutou amplamente as alegações, assim como o empresário e outras fontes de Schumacher. E para todos os sentidos, ele permanece na Suíça.
Mesmo com a manifestação mundial de pesar e apoio, Corinna, com quem Schumacher se casou em 1995, insistiu no sigilo total sobre sua condição. Essa regra foi seguida pelos entes queridos, amigos de Schumacher, que acreditam que o piloto e sua família merece privacidade.
Em meio a rígidos protocolos, poucos são os que têm acesso à sua cabeceira, o que inevitavelmente deu origem a uma série de especulações sobre sua saúde.
Segundo a empresária Sabine Kehm (que presta serviço ao casal Schumacher), várias tentativas clandestinas de ver Schumacher foram realizadas poucos dias após o acidente. Em uma dessas tentativas, ela conta que um jornalista disfarçado de padre tentou obter acesso ao quarto de hospital onde Schumacher estava sob o pretexto de conceder uma bênção ao piloto.
“Eu nunca teria imaginado que algo assim pudesse acontecer”, disse Kehm ao Die Welt na época.
Houve também o caso de registros médicos roubados e a foto de £ 1 milhão (mais de R$ 5 mi de reais) de dentro da casa da família. Esse vácuo de informações fez com que muita gente tentassem lucrar com a privacidade de Schumacher.
Segundo o Daily Mail, “Um executivo da empresa de resgate aéreo de helicópteros que transferiu Schumacher de um hospital francês para a Suíça seis meses após o acidente, supostamente tentou roubar seus registros médicos e vendê-los a vários meios de comunicação europeus por 50 mil euros (mais de R$ 250 mil reais)”.
O IP do computador usado no roubo foi rastreado pelos promotores franceses até Rega, a principal operadora de ambulância aéreas na Suíça. Na época, a empresa negou veementemente estar envolvida no roubo.
Promotores franceses e suíços conseguiram chegar até um executivo de resgate aéreo, que foi imediatamente colocado em uma cela em Zurique. Misteriosamente, na manhã seguinte, antes de ele comparecer ao tribunal, o corpo dele foi encontrado sem vida pendurado na cela – ele havia se enforcado.
O nome, idade ou nacionalidade do homem não foram revelados pelas autoridades. Mas o gabinete do procurador de Zurique disse na época que ele agiu sozinho e que não havia indicações de que fosse mentalmente instável ou suicida.
Um ano depois, a família teria que lutar contra outro vazamento. Um ‘amigo’ não identificado com acesso irrestrito à casa de Schumacher conseguiu tirar uma foto e contrabandeá-la.
Essa imagem estaria supostamente sendo oferecida a grupos de mídia europeus pelo valor de um milhão de euros, mas os procuradores alemães intervieram rapidamente. A imagem nunca apareceu e até hoje nunca houve nenhuma foto de Schumacher tirada após o acidente.
A ‘primeira entrevista mundial exclusiva’ que na verdade foi composta por um chatbot de IA
Uma revista alemã publicou no início deste ano, uma imagem do rosto de Schumacher em sua primeira página, alegando que havia conseguido a primeira entrevista com o ex-piloto desde seu acidente de esqui em dezembro de 2013.
Imediatamente, o mundo se perguntou sobre como Die Aktuelle conseguiu essa façanha. Dada a extensão de seus ferimentos, Schumacher está recluso e não aparece publicamente desde o acidente.
De acordo com a publicação, Schumacher dizia que sua vida havia “mudado totalmente” desde o acidente.
“Aquela foi uma época horrível para minha esposa, meus filhos e toda a família”, acrescentou Schumacher.
“Fiquei tão gravemente ferido que passei meses em uma espécie de coma artificial porque, caso contrário, meu corpo não teria conseguido ligar dom tudo isso.”
A revista que publicou a entrevista admitiu que as citações foram inventadas e que a revista não havia falado com Schumacher, nem com nenhum de seus familiares.
Posteriormente, descobriu-se que a revista utilizou o Character.ai, site conhecido por permitir que usuário gerem ‘conversas’ com celebridades, para falsificar a entrevista. A família de Schumacher pensou em processar os editores, mas mudou de ideia depois de algum tempo.
Dez anos se passaram, e pouco se sabe sobre o atual estado de saúde de Schumacher graças aos rígidos controles de privacidade acima mencionado, implementados por Corinna seu círculo íntimo.
Vários bons amigos e ex-colegas tentaram visitar o piloto, mas tiveram seus pedidos recusados. Um deles foi o ex-companheiro de equipe de Schumacher na Ferrari, o brasileiro Rubens Barrichello, que teve seu pedido recusado com o conselho de que “isso não faria bem a ele ou a mim”.
Cerca de um ano após o acidente, Willi Weber (ex-empresário de Schumacher) declarou à imprensa que tentou por “dezenas de vezes” consegui permissão para ver seu amigo, mas sempre foi-lhe negado. Weber colocou a culpa em Corinna por “impedi-lo” de fazer contato com Schumacher.
Weber declarou ainda que a família de Schumacher tem ocultado “toda a verdade” e, no início deste ano, admitiu que havia perdido a esperança de vê-lo novamente.
Até Eddie Jordan, ex-proprietário da equipe Jordan – que deu a Schumacher sua primeira largada no esporte no Grande Prêmio da Bélgica em 1991 – revelou ter sido igualmente marginalizado, mas entendia a política de privacidade rígida da família.
Após as duas cirurgias iniciais, pouco foi compartilhado sobre os diferentes procedimentos que Schumacher pode ter realizado. No entanto, em 2019, foi noticiado que ele foi submetido a um tratamento com células estaminais numa tentativa de reanimar o seu sistema nervoso. Tudo indica que ele foi submetido ao procedimento de última geração no Hospital Europeu Georges Pompidou, em Paris.
Schumacher chegou ao hospital em uma ambulância ladeada por uma equipe de segurança composta por 10 pessoas. Acredita-se que Schumacher tenha realizado uma segunda rodada de tratamento um ano depois, mas isso não foi confirmado.
O canal francês Le Parisien relatou que após o tratamento, a equipe médica disse que Schumacher estava “consciente”, mas não deu mais detalhes. Outras revelações vieram de indivíduos importantes do círculo íntimo de Schumacher, e ao longo dos anos, algumas dicas sobre a condição apareciam.
Fonte(s): Daily Mail e Le Parisien