O único obelisco egípcio que ainda permanece em sua posição original, no local de um antigo templo em Heliópolis. World History Encyclopedia. (Domínio público).
Os egípcios ergueram templos e monumentos em escala única na antiguidade, mas nada disse seria possível se eles não tivessem dominado a técnica necessária para extrair pedras das pedreiras em grande quantidade. Muito do que sabemos sobre os egípcios vem de registros gravados por eles em pedra.
A forma do obelisco foi criada pelos egípcios no início do período dinástico (c. 3150 – 2613 a.C.), antes mesmo da construção da pirâmide de degraus de Djoser. Alguns pesquisadores acreditam que os primeiros obeliscos serviram como treinamento para que os construtores desenvolvessem a habilidade de trabalhar com pedra em projetos monumentais como às pirâmides.
O nome obelisco é grego obeliskos (em grego οβελίσκος), e foi escrito pela primeira vez pelo historiador Heródoto. Os egípcios antigos os chamavam de tekhenu, que significar “perfurar”, como em “perfurar o céu”. Os primeiros obeliscos são conhecidos apenas por meio de inscrições antigas. Essas magnificas construções tinham cerca de 3 metros de altura, mas ao longo do tempo eles atingiram alturas de mais de 30 metros. Ao redor do mundo, muitas culturas empregaram a forma do obelisco, mas apenas os antigos egípcios trabalhavam em pedras monolítica, na maioria das vezes, granito vermelho. Cada obelisco egípcio era esculpido em um único bloco de pedra que era movido para seu local e erguido sobre uma base. Embora arqueólogos e estudiosos saibam como esses monumentos foram esculpidos e transportados, ninguém sabe dizer como foram erguidos
Simbolismo
O obelisco no Antigo Egito representava o benben, que era o monte primordial sobre o qual o deus Atum estava no momento da criação do mundo. Como tal, eles foram associados ao pássaro benu, o precursor egípcio da fênix grega. Apesar de manter sua associação com o pássaro benu, o obelisco passou a ser cada vez mais associado a Ra e à adoração do sol. No Antigo Egito os obeliscos sempre foram criados em pares de acordo com o valor egípcio de equilíbrio e harmonia, e foram erguidos em homenagem aos feitos de um grande rei ou rainha.
No Antigo Egito acreditava-se que os deuses vivam em seu templo, sendo assim, no período do Império Novo, eles acreditavam que o obelisco também era habitado pelo espírito do deus. O faraó Tutmés III (1458 – 1425 a.C.) criou o ritual de cerimônia de oferenda aos obeliscos, e essa prática continuou durante o período ptolomaico (323 – 30 a.C.). A maioria dos obeliscos erguidos no Egito foram durante o Novo Império.
Construção e colocação
O chamado “obelisco inacabado” é o maior já criado e nunca foi erguido. Ele permanece onde foi abandonado, na pedreira de Aswan, no alto Egito, local que era frequentemente usado para extrair blocos de pedra para as grandes construções no Antigo Egito. Pesquisadores e estudiosos acreditam que o obelisco inacabado seria usado em Karnak, onde Hatshepsut já tinha erguido um monumento conhecido hoje como o Obelisco de Latrão, que no século IV foi transferido para Roma por Constâncio II. O Obelisco Inacabado mede 42 metros e pesa aproximadamente 1.200 toneladas, e foi abandonado após os trabalhadores descobrirem rachaduras. O seu abandono foi muito importante para os pesquisadores atuais, pois o monumento fornece informações de como eram extraídos os grandes blocos de pedra.
Por meio de inscrições e desenhos, os pesquisadores conseguem saber como era feito a extração e o transporte do obelisco, mas sobre como ele era erguido não há nenhuma menção específica. Todas as tentativas modernas de replicar o processo para erguer o obelisco falharam. Eles usaram a técnica do buraco de areia em forma de funil, mas isso não funcionou, além disso, o ângulo do obelisco parou em 40 graus e os trabalhadores com suas cordas não conseguiram encontrar uma maneira de aumentá-lo ainda mais.
Obeliscos e templos
Os obeliscos eram posicionados nos pátios dos templos em homenagem ao deus principal, bem como o deus sol, que navegava no céu. Vários obeliscos foram removidos das suas posições originais por nações estrangeiras ou oferecidos como presentes a outros países. O único que permanece em sua posição original é o de Senusret I, no local de um antigo templo dedicado ao deus sol em Heliópolis.
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Ramsés II, o Grande (1279 – 1213 a.C.), foi o faraó que mais encomendou obeliscos para seus templos e estimulou a prática contínua de apresentar oferendas a eles. Sob o comando de Ramsés, os obeliscos foram posicionados no Templo de Amon em Tebas, em Heliópolis no Baixo Egito e na cidade de Per-Ramsés. Para a construção de Tanis, muitos desses obeliscos foram destruídos por ordem de Smendes (1077 – 1051 a.C.) depois que o Nilo mudou seu curso e deixou a antiga cidade sem abastecimento de água.
Bibliografia
Bunson, M. The Encyclopedia of Ancient Egypt. Gramercy Books, 1991.
David, R. Handbook to Life in Ancient Egypt Revised. Oxford University Press, 2007.
Mark, Joshua J.. "Egyptian Obelisk." World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 06 novembro de 2016. Acesso 19 de abril de 2021.