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A Grande Esfinge de Gizé. Imagem de Simon por Pixabay.
A Grande Esfinge de Gizé é a estátua mais famosa associada ao antigo Egito e está entre as mais famosas do mundo. Ela foi esculpida em calcário, sua forma é de um leão com a cabeça de um rei egípcio, e está localizada no planalto de Gizé. Ela foi construída provavelmente durante o reinado do faraó Khafre (2558 – 2532 a.C.), embora muitos pesquisadores afirmem que a esfinge foi construída por seu irmão Djedefre (2566 – 2558 a.C.), que tentou usurpar o trono após a morte do faraó Khufu (2589 – 2566 a.C.), o criador da Grande Pirâmide.
Alguns egiptólogos, pesquisadores e historiadores afirmam que a Esfinge é muito mais antiga do que a data da 4ª dinastia em que a egiptologia tradicional insiste em atribuir. Os estudiosos continuam discordando sobre quem mandou construir a Esfinge e quando ela foi criada, mas todos concordam ser uma escultura magnífica, que por muitos séculos foi a maior escultura do mundo. Ela mede 73 metros de comprimento e 20 metros de altura, orientada em um eixo direito oeste-leste.
Apesar de inúmeras investigações, questões fundamentais permanecem sem resposta: Quem construiu, quando e por quê? Várias teorias foram criadas para tentar responder a essas perguntas, mas poucas são relevantes ou universalmente aceitas. O que é aceito pela maioria dos estudiosos é que a Esfinge foi construída durante o reinado de Khafre na 4ª Dinastia, quando os construtores estavam construindo o complexo de pirâmides e encontraram um grande pedaço de calcário e decidiram esculpir a Esfinge com ele.
Nome
Os antigos egípcios não conheciam a estátua como ‘a Esfinge’. Essa é uma palavra grega e foi aplicada a estátua através de uma tradução do nome egípcio shesep- Ankh ("imagem viva") pelo qual os egípcios se referem a peça bem como a outras representações de figuras reais. Gregos que visitaram o local, acadêmicos como Verner afirmam que confundiram o nemes (o lenço listrado do rei) com o cabelo de uma mulher na altura dos ombros.
A Esfinge era conhecida pelos egípcios durante o Novo Império (1570 – 1069 a.C.) como Horemakhet (Hórus do Oriente) e um crescente culto foi criado em torno da estátua associando-a ao deus Hórus. Um ‘culto’ no antigo Egito deve ser entendido nos moldes de uma seita ou movimento religioso dos dias atuais. Amenhotep II (1425 – 1400 a.C.) honrou a Esfinge com um templo homenageando Khufu e Khafre, considerados representantes de Hórus na terra, e pode ter patrocinado esse culto. Esse ato sugere que ele entendeu uma conexão entre esses governantes da 4ª Dinastia e a estátua.
Esfinge funerária grega (CC BY-NC-SA).
A Estela dos Sonhos, esculpida em granito rosa, conta a história de como o príncipe Tutmés, se tonou Tutmés IV, Faraó do Egito (1400 – 1390 a.C.). Tutmés era filho de Amenhotep II. O príncipe adormeceu uma noite perto da Esfinge e teve um sonho no qual a estátua falava com ele reclamando de como a areia pressionava sobre ela.
Segundo o príncipe, a Esfinge ofereceu um acordo: caso ele se comprometesse a limpar a areia da estátua e restaurá-la, ele se tornaria o próximo faraó do Egito. Tutmés aceitou o acordo, ordenou a restauração da Esfinge e mandou erguer a famosa Estela dos Sonhos. Após o reinado de Tutmés IV, o culto a Esfinge teve considerável crescimento, talvez em resposta à Estela dos Sonhos, que encorajava as pessoas a olharem para a Esfinge como uma divindade capaz de influenciar o futuro.
No século IV d.C., a estátua era chamada de Bel-hit (O Guardião), pelos cristãos coptas, e esse nome ainda é usado até hoje. Atualmente os egípcios não se referem à estátua como “a Esfinge”, a menos que estejam conversando com turistas estrangeiros. Ela é conhecida em árabe egípcio como Abu al-Hawl, ‘O Pai do Terro’, e foi considerada uma abominação idólatra por alguns extremistas do Islã. Em 2012 d.C., o Talibã exigiu a destruição da Esfinge e das pirâmides de Gizé pelo mesmo motivo.
Construção
Arqueólogos e geólogos que trabalham na região afirmam que o planalto de Gizé na antiguidade tinha uma aparência muito diferente de hoje. Os pesquisadores encontraram evidências de que a área já foi bastante fértil e exuberante com vasta vegetação e a água era abundante há cerca de 8.000 anos. A precipitação foi abundante na região em c. 15.000 a.C., e embora tenha se tornado menos com o tempo, a área ainda era bastante fértil na época da 4ª Dinastia.
Os grandes construtores de pirâmides escolheram Gizé para ser a necrópole dos reis da 4ª Dinastia por ter sido usada durante o Primeiro Período Dinástico do Egito (c. 3150 – 2613 a.C.), e provavelmente no Período Pré-dinástico (c. 6000 – 3150 a.C.). No complexo de Saqqara já havia a famosa pirâmide de degraus do faraó Djoser, enquanto, em Gizé, havia apenas tumbas de mastabas. A arte na construção de pirâmides foi aperfeiçoada pelo rei Sneferu (c. 2613 – 2589 a.C.), com a construção da Pirâmide de Meidum, Pirâmide curvada e Pirâmide Vermelha.
Durante o reinado de Khafre, teve início o complexo de pirâmide próximo ao de seu pai Khufu. A construção da Esfinge é atribuída a Khafre porque o rosto da criatura se assemelha ao seu como aparece em estátuas e a forma como ela parece ter sido esculpida. Alguns pesquisadores acreditam que durante o processo de construção da pirâmide de Khafre, os construtores descobriram uma grande rocha considerada inadequada para o complexo e esculpiram a estátua dela.
Complexo da Pirâmide de Gizé, Egito, 2600 - 2500 a.C. (CC BY-NC-SA).
Por esta diretamente alinhada com o complexo da pirâmide de Khafre, a maioria dos pesquisadores afirma que a estátua foi criada durante seu reinado, mas alguns estudiosos acreditam que a Esfinge já existia quando Khafre subiu ao trono e seu complexo foi propositalmente projetado para alinhar com a escultura. Dobrev afirmou em 2004 que a Esfinge foi concluída pelo irmão de Khafre, Djedfre, em homenagem a seu pai Khufu.
Ignorando o rosto da estátua, sabe-se que o calcário usado na construção da Esfinge é o mesmo encontrado na pirâmide de Khafre, e a habilidade de construção empregada é a mesma vista nas estátuas de Khafre e dos deuses. A orientação do complexo de Khafre sugere que a Esfinge foi construída durante ou após a construção de sua pirâmide.
Uma inscrição descoberta encontrada em 1817 d.C. por Caviglia (1770 – 1845 d.C.). A inscrição está localizada na pata esquerda da estátua, datada de 166 d.C., e comemora um projeto de restauração das paredes que circundavam a estátua realizada pelos romanos naquela época. A inscrição foi traduzida e publicada pelo polímata inglês e rival ocasional de Champollion, Thomas Young (1773 – 1829 d.C.), na Quarterly Review, Volume 19 de 1818 d.C. A inscrição pode ser interpretada como “a Esfinge zela pelo atual monarca do Egito”. Aqueles que aceitam a datação ortodoxa da estátua como 4ª dinastia, apontam para a inscrição como prova posterior de sua reivindicação.
Segundo o Dr. Robert M. Schoch, geólogo da Universidade de Boston, afirma que a Esfinge é séculos mais velha do que a tradicional egiptologia afirma. Schoch e o egiptólogo John Anthony West afirmam não apenas que a Esfinge é mais velha que o reinado de Khafre, como o seu rosto não é do faraó Khafre. Eles notaram que as marcas deixadas pela erosão na Esfinge sugerem um longo período de chuva, mas esse tipo de padrão climático não era evidente na época da 4ª Dinastia do Egito. West e Schoch apontam para o antigo local de Gobekli Tepe na atual Turquia, que remonta a 10.000 anos e não é atribuído a nenhuma civilização conhecida. A escultura encontrada em Gobekli Tepe é tão sofisticada quanto a da Esfinge e às vezes até mais.
Bibliografia
Mark, Joshua J.. "The Great Sphinx of Giza." World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 26 Oct 2016. Web. 14 Sep 2022.