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A antiga placa de pedra foi descoberta quando soldados franceses ocuparam um forte praticamente abandonado em Roseta, no Egito, e tiveram poucos dias para reforçar as defesas para a batalha que seria travada contra as tropas do Império Otomano. A Pera de Roseta, encontrada pelas forças de Napoleão e Pierre-François Bouchard em 19 de julho de 1799, mudaria a história do mundo e seria a chave para decifrar os hieróglifos egípcios.
A Pedra de Roseta é um fragmento de um monólito que se assemelha ao granito, até o momento perdido, denominado estela. Essa pedra de granito preto com 114 cm de comprimento e 72 cm de largura, foi descoberto próximo a cidade de Roseta (Rashīd), cerca de 56 km a nordeste de Alexandria.
Apesar de incompleto, seu texto é de valor inestimável e consiste num decreto que reafirma o culto real de Ptolomeu V Epifânio, faraó egípcio que subiu ao trono em 204 a.C. Os textos da Pedra de Roseta foram escritos por volta do nono ano do reinado de Ptolomeu V. Nessa época, Ptolomeu estava em guerra e enfrentava uma revolta interna. Então seu conselho de sacerdotes decidiu homenagear o faraó e declarar sua lealdade entalhando na estela hieróglifos ptolomaicos, escrita egípcia demótica e grego antigo. Outras estelas idênticas deveriam estar em todos os templos do Egito.
Os soldados de Napoleão derrubavam muros em antigos sítios egípcios quando descobriram um grande pedaço de pedra com inscrições contendo três tipos de escrita, incluindo o grego antigo. A estela foi descoberta pelo francês Bouchard em agosto de 1799, que imediatamente contou sobre o achado a pesquisadores franceses que estavam no Egito em busca de tesouros arqueológicos.
Estudiosos conquistadores
Em 1789, as tropas francesas lideradas por Napoleão Bonaparte conquistaram o Egito, que na época, era parte do Império Otomano. Junto com as forças de Napoleão estavam cientistas e historiadores que correram para o país para documentar tudo que fora encontrado. O grupo de pesquisadores documentaram e recolheram um enorme número de artefatos antigos que seriam levados à França, incluindo a Pedra de Roseta.
Além das tropas francesas, os ingleses também pretendiam conquistar o Egito e, no ano de 1801, conseguiram vencer as forças francesas. O exército francês foi autorizado a deixar o país, mas teriam que entregar todo o acervo de antiguidades encontrados no Egito. Assim, a Pedra de Roseta foi levada para o Museu Britânico em Londres em 1802 e exposta imediatamente.
O código da Pedra de Roseta
Há muito tempo estudiosos estavam intrigados com o significado dos hieróglifos encontrados em placas egípcias antigas. Ao analisar a Pedra de Roseta, os pesquisadores viram que a estela continha conteúdo idêntico em três idiomas, isso poderia ajudar a desvendar o mistério dos hieróglifos. A partir dessa constatação, houve uma corrida entre os pesquisadores para traduzir os textos gravados na estela. Estudiosos de toda a Europa estiveram envolvidos, mas as maiores e mais importantes contribuições foram por parte da Inglaterra e da França.
O britânico Thomas Young, físico, médico e egiptólogo tratou o mistério como um problema matemático. Além de traduzir o grego antigo, ele fez extensas anotações sobre as inscrições pictográficas e tentou associar cada um com sua tradução. Em seus exaustivos estudos, Young conseguiu identificar os fonemas e desvendar como era formado o plural das palavras.
Mas o código só foi decifrado pelo francês Jean-François Champollion, conhecido como o fundador da egiptologia, que decifrou o código em 1822. Champollion era fluente em copta e tinha vasto conhecimento sobre o Egito. Ele observou que a escrita demótica indicava sílabas e que os hieróglifos representavam sons coptas. Segundo uma lenda, Champollion correu ao escritório do irmão gritando “desvendei!”. Então desmaiou e se recuperou apenas cinco dias depois.
O trabalho incansável desses dois homens estabeleceu a base para a tradução dos futuros textos hieroglíficos egípcios.
Legado da Pedra de Roseta
O egiptólogo francês Champollion utilizou a estela para criar um alfabeto hieroglífico fonético, assim outros estudiosos puderam aproveitar para traduzir totalmente os textos contido na pedra. O trabalho dele foi posteriormente confirmado pela tradução do Decreto de Canopus, outra estela contendo textos em hieróglifos, escrita demótica e grego antigo.
A tradução da icônica Pedra de Roseta foi a base da egiptologia, e foi considerada um dos artefatos mais importantes da história. Ela também é motivo de enorme polêmica por ser espólio de expansão colonial inglesa na África. A estela foi levada à Inglaterra e permanece no Museu Britânico.
A pedra de Roseta manteve seu fascínio até hoje, dois séculos depois de ter sido decifrada. Ele se tornou uma chave, não só para o Egito Antigo, mas também para sua própria decodificação. Ao decifrar a estela, períodos inteiros da história foram revelados.
Fonte: National Geographic e Britannica