Biografia
Clara Barton, fotografia de Mathew B. Brady, 1866. Arquivos Nacionais, Washington, DC (111-B-1857)
Clarissa Harlowe Barton nasceu em 25 de dezembro de 1821, em North Oxford, Massachusetts. Seu pai, o capitão Stephen Barton, era um fazendeiro e membro respeitado da comunidade. Aos 17 anos, Clara se tornou professora no Condado de Worcester e, durante os seis anos seguintes, lecionou em várias escolas antes de estabelecer sua própria escola no norte de Oxford.
Depois de lecionar por mais de dez anos ela ansiava por uma mudança em sua vida. A mudança que Clara, tanto procurava ocorreu aos seus 29 anos quando ela entrou para Instituto Liberal, em Clinton, Nova York. Essa escola era apenas para professores do sexo feminino. Entre outras ocupações, Clara trabalhou em sua escrita e teve aulas particulares de francês.
Ao longo de vida, Clara Barton foi honrada por poderosos líderes de diversas nações, sobreviventes desconhecidos de desastres americanos, ricos e pobres. Fica evidente a admiração mundial à Clara Barton pela sua quantidade de medalhas e joias que são preservadas como parte da coleção Clara Barton na Biblioteca do Congresso em Washington DC.
No início da Guerra Civil, Clara Barton começou seu trabalho ajudando soldados nos acampamentos, em fortalezas e hospitais da capital. Ela declarou: “O que eu poderia fazer, ir com eles, ou trabalhar para eles e meu país? O sangue patriótico de meu pai estava quente em minhas veias”.
Durante o inverno de 1861-1862, seu pai ficou gravemente doente e, ela teve que retornar a Massachusetts para ficar ao seu lado. Clara e seu pai conversavam sobre a guerra e seu trabalho com os soldados. Em uma dessas conversas, Clara revela o seu desejo de ajudar os feridos nos campos de batalha, mas estava como muito medo por ser mulher.
Clara conta que seu pai a tranquilizou de seus medos. “Como um patriota, ele me mandou servir ao meu país com tudo o que tinha, mesmo com a minha vida se necessário. Ele me pediu para consolar os aflitos em toda parte, e como um cristão ele me encarregou de honrar a Deus e amar a humanidade”.
Após a morte de seu pai, o senhor Stephen Barton, Clara retornou para Washington D.C., onde decide traçar um novo rumo para seu trabalho. Pouco tempo depois do seu retorno a capital, Clara conseguiu vistos e viajou para os campos de batalha encorajada pelos sentimentos de seu pai.
Livro recomendado: Clara Barton's Civil War: Between Bullet and Hospital
Durante a Guerra Civil Americana, Clara Barton trabalhou como civil independente. Nessa época ela não ainda tinha fundado a Cruz Vermelha Americana e, nem se quer tinha ouvido falar da Cruz Vermelha Internacional.
Em 1869, Clara viajou para a Europa seguindo um conselho de seu médico que a convenceu de que ela precisava descansar por um tempo. Durante esse descanso, em uma visita a Genebra, Suíça, ela conhece uma organização de ajuda humanitária de guerra recentemente formada. Essa organização era a Cruz Vermelha Internacional.
Em 1863, a Cruz Vermelha Internacional foi organizada e, depois de várias conferências ela foi estabelecida em 1864. Doze nações originalmente ratificaram o Tratado de Genebra. Para a surpresa de Clara Barton, os Estados Unidos haviam rejeitado a ideia da organização humanitária.
Clara Barton trabalhou patrocinada pela Cruz Vermelha internacional e Cruz Vermelha Alemã quando a guerra franco-prussiana começou em 1870. Nessa época, durante esse serviço, ela fez amizade com Louise Marie Elisabeth, Grã-Duquesa de Baden (Alemanha). Louise era uma famosa filantropo e fundadora da Cruz Vermelha Alemã. Ela advogou para mulheres trabalhando na ajuda humanitária de desastres. Esta amizade foi uma influência ao longo da vida de Clara.
Clara Barton recebeu sua primeira condecoração da Cruz Vermelha a pedido da Grã-Duquesa que o enviou para Estrasburgo. Clara usou este broche durante sua segunda experiência na ajuda humanitária na Guerra Franco-Prussiana.
Para Clara, o período que ela atuou na Guerra Franco-Prussiana foi muito importante em sua vida. A experiência adquirida era vastamente diferente da vivida na Guerra Civil Americana. Na guerra civil, ela concentrou-se na ajuda humanitária de soldados feridos em campos de batalha. Isso levou Clara a seguir o exército dos EUA, e a trabalhar em áreas temporárias. De vez em quando, para descansar ou reabastecer, ela ia para Washington D.C., onde os edifícios e centros de abastecimento da cidade permaneciam intocados. Na Guerra Franco-Prussiana, com a Cruz Vermelha, Clara trabalhou com as vítimas da guerra; mulheres, crianças, idosos ou doentes, deixados para trás em cidades onde o combate tinha destruídos casas, fábricas, lojas e quase tudo que oferecia condição para uma vida normal.
Um exemplo das condições de trabalho de Clara na Guerra Franco-Prussiana é quando, nos arredores de Paris, ela está entre pessoas miseráveis e famintas com quem nem sequer podia falar sem a ajuda de um tradutor.
Em Estrasburgo, na sua primeira inspeção a cidade destruída, Clara percebeu que mais de 6 mil pessoas estavam desabrigadas e, muitas outras estavam doentes pela fome, febre tifoide ou varíola. Antes de cair em poder do exército alemão, a cidade foi sitiada por quase 2 meses. Clara Barton afirmou: “Eu vim de repente para o meio de tal acumulação de aflição e miséria, e não havia um momento nem tempo para nada além do desejo de tentar aliviá-la”.
Clara observou que uma abordagem diferente era necessária para ajudar as pessoas que estavam tentando se recuperar de terríveis circunstâncias. Então passou a distribuir por vários dias, sopa para os sobreviventes. Ela também desenvolveu um plano para restaurar os meios de trabalho na cidade e, mostrou a sua amiga Louise que a entrega constante de comida “faria deles mendigos e vagabundos permanentes”. A melhor forma de ajudar seria “criar meios para levantar o seu moral e, minimizar tudo o que os bombardeios fizeram para a sua condição física”.
Foram organizadas por Clara, salas de trabalho para mulheres da cidade. Essas salas fizeram um enorme sucesso que, em 6 meses, essas mulheres estavam costurando quase todos os tipos de roupas e recebendo pagamento pelo seu trabalho. Em pouco tempo as costureiras de Estrasburgo estavam fornecendo vestuário para as comunidades agrícolas vizinhas. Essas comunidades por sua vez, abasteciam as necessidades alimentares da cidade. A liderança e realizações de Clara Barton elevaram extremamente sua posição na comunidade.
Clara barton. Encyclopædia Britannica, Inc.
Quando ela começou seu trabalho de ajuda humanitária na Europa, foi sempre vista como uma estrangeira sendo tratada com desconfiança. Quando deixou a cidade de Estrasburgo, no final dos seus esforços, os moradores honraram-na com uma grande festa onde ela foi recebida e aplaudida por todos os presentes.
Seu trabalho junto a Cruz Vermelha Internacional durante a Guerra Franco-Prussiana contribuiu para seu legado. O Kaiser Wilhelm I e a sua esposa a Imperatriz Augusta, reconheceram as realizações de Clara Barton e, a honrou com vários prêmios por suas contribuições e seus esforços em ajudar na guerra. Também a concederam reconhecimento oficial.
Sua metodologia era original e bem-sucedida em sua aplicação. Clara trouxe alívio às vítimas inocentes da guerra não apenas tratando de suas enfermidades, mas também estimulando a recuperação e o crescimento da comunidade como um todo. Essa forma de agir se tornaria a filosofia básica por trás do trabalho da Cruz Vermelha Americana.
Para criar a Cruz Vermelhar Americana, Clara precisava persuadir o Governo dos Estados Unidos a ratificar o Tratado de Genebra e, assim criar uma sociedade da Cruz Vermelha na América.
“A guerra, embora a mais trágica, não é o único mal que assola a humanidade...”. Clara Barton.
Clara Barton fundou a Cruz Vermelha Americana (American Red Cross) em 1881. No ano de 1882, o Congresso dos EUA ratificou o Tratado de Genebra, mas só em 1900, os estatutos da Cruz Vermelha Americana foram aprovados. A sociedade Americana da Cruz Vermelha pediu para ter incluído em seu estatuto o privilégio de prestar tal ajuda em grandes calamidades como: inundações, furacões, fome e pestilência. A Cruz Vermelha Americana foi criada e, sua missão expandida para ajudar em tempos de paz ou de desastres.
Clara Barton presidiu a Cruz Vermelha Americana durante 23 anos. Todo esse tempo, a organização foi responsável por mais de dezoito esforços de socorro em tempo de paz, bem como o trabalho de ajuda humanitária durante a Guerra Hispano-Americana. Organizou esforços de ajuda em meio à lama e à sujeira na inundação de Johnstown (Pensilvânia). Nas regiões atingidas pelo furacão das Ilhas do Mar na Carolina do Sul. Ela atuou como presidente da organização até se afastar em 1904.
Clarissa Harlowe Barton morreu em 12 de abril de 1912 na sua casa em Glen Echo, Maryland.
Bibliografia
Barton, Clara, The Red Cross — In Peace and War. Washington, D.C.: American Historical Press, 1898. 703 pp.
Barton, William E., The Life of Clara Barton: Founder of the American Red Cross. Vols. 1 and 2. Cambridge, MA: Houghton Mifflin Co., 1922.