
O local de L'Anse aux Meadows em Newfoundland, que os pesquisadores agora datam de 1021 EC, contém uma reconstrução do assentamento viking à beira-mar. GLENN NAGEL FOTOGRAFIA.
Há 60 anos pesquisadores estudam um posto avançado à beira-mar em Newfoundland conhecido como L'Anse aux Meadows, que seria o primeiro assentamento permanente de vikings na América do Norte. Agora, eles finalmente dataram precisamente o local: anéis e cortes nos pedaços de árvores revelam que elas foram derrubadas por um machado Viking na América do Norte em 1021 d.C. O método é relativamente novo usando um pico de radiação solar que deixou sua marca em árvores ao redor do mundo.
Segundo Rachel Wood, cientista de raiocarbono da Australian National University que não fez parte do estudo, “A ideia de usar essas flutuações agudas de curto prazo no radiocarbono ... já existe há alguns anos, mas é ótimo ver que está realmente sendo usado para datar um importante sítio arqueológico.”
Dois textos islandeses escritos no século XIII chamados as sagas de Vinland, descrevem as expedições do explorador nórdico Leif Erikson a uma terra conhecida com Vinland. Grande parte dos historiadores acreditam que as sagas indicam que os navegadores vikings viajaram para o sudoeste da Groenlândia e chegaram a América do Norte em algum momento na virada do milênio. Várias descobertas em um sítio arqueológico da era Viking, encontrado em 1960, apresenta o que seriam diferentes edifícios em estilo nórdico, pregos de ferro, um alfinete de manto de bronze e vários outros artefatos reforçando essas evidências.
Anteriormente, pesquisadores haviam datado fragmentos de madeira do local através da datação por radiocarbono, que mede a decomposição do isótopo radioativo carbono-14 em materiais orgânicos. Os primeiros resultados da datação em L’Anse aux Meadows indicaram que os artefatos tinham entre 793 e 1066 d.C. Os cientistas não ficaram muito satisfeitos porque eles procuram uma linha do tempo precisa da chegada dos exploradores vikings na no continente norte-americano.
Em 993 d.C., uma provável erupção solar causou um pulso na produção de carbono-14 na atmosfera da Terra. Esse aumento de carbono-14 produzido na grande explosão cósmica, foi absorvido por plantas ao redor do mundo por meio da fotossíntese. Cada árvore viva em 993 d.C. tem um anel com conteúdo de carbono-14 mais alto do que o normal. Analisando a partir desse anel, os pesquisadores puderam chegar ao ano que a árvore morreu. A construção de uma capela na Suíça foi datada com precisão através da análise de uma explosão cósmica semelhante em 775 d.C., e ajudou os cientistas a datar uma erupção vulcânica na fronteira entre a China e a Coréia no Norte.
Nesse novo estudo, a equipe de pesquisadores liderada pelo cientista de radiocarbono Michael Dee, da Universidade de Groningem, usou essa técnica em uma coleção de pedaços de madeira que foram escavados em L’Anse aux Meadows durante as décadas de 1960 e 1970. Com base nos anéis e nos cortes da madeira, os arqueólogos sabem que eles foram cortados por machados de metal, provavelmente os vikings, e não os povos indígenas da América do Norte. Esses pedaços de madeira foram mantidos congelados pela coautora Birgitta Wallace, arqueóloga da Parks Canada que passou sua carreira no loval.
[Os artefatos] não são alguns objetos bonitos ou obras de arte Viking ou qualquer coisa assim”, diz Dee. “Eles são apenas restos ou refugo da atividade Viking. … É uma verdadeira homenagem a [Wallace] que ela teve a visão de fazer tal coisa. ”
A equipe trabalhou com três pedaços de madeira com bordas reconhecíveis, e dataram por radiocarbono os anéis em cada peça, procurando por um aumento revelador no carbono-14. Em todas as peças analisadas eles encontraram no 29° anel da borda esse pico no carbono, indicando que as árvores pararam de crescer 28 anos após a explosão solar de 993 d.C, ou no ano 1021 d.C. Dee explica que os resultados confirmam que os vikings estavam presentes na América do Norte naquele ano, e possivelmente tenham chegado ainda mais cedo.
A também a possibilidade de que os vikings tenham cortado madeira que estava no chão há anos, mas essa hipótese foi descartada por Dee. Ele acredita que é improvável que isso tenha ocorrido, porque a madeira caída rapidamente perde sua força. “Não havia razão para eles pegarem algo e baterem, em vez de simplesmente cortar uma árvore nova e sólida.”
Fonte: Science