Antigos gregos praticavam sacrifícios humanos?
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A parte superior do crânio do adolescente estava faltando, e o corpo foi encontrado entre duas fileiras de pedras no eixo leste-oeste, com lajes de pedra cobrindo a pélvis. Fotografia: Sem crédito/AP
Um esqueleto humano encontrado em 2016, no Monte Lykaion, na Grécia – local onde eram realizadas oferendas de animais a Zeus – deixou os arqueólogos entusiasmados, pois a descoberta pode confirmar uma das lendas mais sombrias da antiguidade.
Os restos mortais de 3.000 anos de um adolescente foram descobertos por uma equipe de pesquisadores greco-americana na Arcádia, na região central do Peloponeso.
Fontes antigas falam sobre sacrifícios humanos ocorrendo no Monte Lykaion. Vários escritores antigos associaram esse monte a esse tipo de sacrifício, incluindo Platão.
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Embora tenha sido uma prática comum entre os romanos, antigos israelitas e egípcios, os arqueólogos do século XX viam as histórias de sacrifícios humanos na Grécia Antiga como somente mitos.
Uma das narrativas mais conhecidas sobre sacrifícios humanos no Monte Lykaion vem do geógrafo grego Pausânias, em sua obra “Descrição da Grécia”. Nela, Pausânias relata a história de Licaão, o primeiro rei de Arcádia, que sacrificou um de seus filhos como oferenda ao deus Zeus em um banquete cerimonial. Entretanto, Zeus teria ficado furioso e transformado Licaão e seus outros filhos em lobos. Essa teria sido a origem dos sacrifícios anuais no altar de Licaão, onde um menino era sacrificado com animais. O ritual envolvia o cozimento em conjunto, e quem se alimentasse da carne humana se transformaria em lobo por nove anos. Mas, se durante esse período não comesse carne humana, poderia retornar à sua forma original. Caso contrário, permaneceria como lobo para sempre.
Há outra lenda grega antiga que conta que um menino era sacrificado com animais, antes que a carne humana e animal fosse cozida e consumida. “Diversas fontes literárias antigas mencionam rumores de que sacrifícios humanos ocorriam no altar [de Zeus, localizado no pico sul da montanha], mas até algumas semanas atrás não havia sido encontrado nenhum vestígio de ossos humanos no local”, disse David Gilman Romano, professor de arqueologia grega na Universidade do Arizona.
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Sobre o esqueleto humano, Romano ressalta que, “seja um sacrifício ou não, este é um altar de sacrifício... portanto, não é um lugar onde se enterra uma pessoa”.
A área do antigo altar dedicado a Zeus está sendo escavada desde 2006. No local já foram encontrados vários ossos de animais, os restos mortais humanos – encontrados em 2016 – e diversos artefatos, como cerâmica, objetos de metal e tripés enterrados. A cerâmica encontrada junto ao esqueleto humano data do século XI a.C., final da era micênica.
O esqueleto humano estava no fundo de uma vala de cinzas, disposto na direção Leste-Oeste, com duas fileiras de pedras nas laterais e outras lajes sobre a pélvis.
O topo da colina é o local mais antigo conhecido de culto a Zeus e era um local de matança, mesmo que desconsideremos o sacrifício humano. Dezenas de animais foram sacrificados em honra de Zeus desde o século XVI a.C. até cerca de 300 a.C. A presença humana no Monte Licaion remonta a mais de 5.000 anos.
Sacrifícios humanos na Grécia Antiga parecem uma contradição. Porque, por um lado, há a imagem da Grécia como o local de nascimento da democracia, da filosofia e do pensamento racional. Mas, por outro lado, existem os mitos cruéis de sacrifícios.

Segundo Jan Bermmer, professor emérito de estudos religiosos da Universidade de Groningen, na Holanda, a ideia de gregos praticando sacrifícios humanos é perturbadora porque vai contra noções amplamente difundidas sobre a sociedade grega antiga.
As trincheiras próximas ao centro do altar de cinzas foram ampliadas durante as temporadas de escavações arqueológicas de 2019 e 2022, revelando mais artefatos micênicos e da Idade do Ferro Inicial. Em 2023 e 2024, ocorreram as temporadas de análises que se concentraram na catalogação dos achados, com novas escavações planejadas para 2025–2027.
A temporada de escavações de 2022 do Projeto de Escavação e Levantamento do Monte Lykaion ocorreu entre 12 de junho e 1 de agosto, encerrando um ciclo de cinco anos de escavação arqueológica planejada no Santuário de Zeus. O foco principal dessa escavação era o enorme altar de cinzas de Zeus (com aproximadamente 30 metros de diâmetro) no pico sul da montanha.




