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Ardashir I

Atualizado: 30 de jun.


Ardashir I - História em Destaque

Relevo rochoso de Ardashir I. Dynamosquito. (CC BY-SA).


Ardashir I (lc 180 – 241 d.C., r. 224 – 240 d.C.) fundou o Império Sassânida (224 – 651 d.C.). Ele era filho do príncipe de Istakhr, Papak (rc 205 – 210 d.C.) e da princesa Rodak da tribo Shabankareh. Ardashir I nasceu em Tirdeh, Persis c. 180 d.C., e acredita-se que ele tenha sido neto do Sumo Sacerdote do Zoroastrismo, Sasan (c. século III d.C.), após o qual originou o nome do Império Sassânida, embora algumas evidências sugiram que ele era filho de Sasan e mais tarde adotado por Papak.


Durante o reinado de Artabano IV (r. 213 – 224 d.C.), Ardashir I foi general do exército partar, e sua família controlava a região de Istakhr, onde estavam localizadas as ruínas da capital Aquemênida de Persépolis. Na época, Ardashir I e sua família se recusaram a ceder o controle da região a Artabano IV, complicando ainda mais as relações entre os dois, principalmente porque Artabano IV estava perdendo poder.



Após derrotar o rei Artabano IV em batalha, no ano 224 d.C., Ardashir I pôs fim ao Império Parta (247 a.C.-224 d.C.) e fundou o seu império persa, inspirado no sucesso do Império Aquemênida Persa antes dele. Em seguida, Ardashir I concentrou seus esforços em campanhas militares contra o Império Romano e no desenvolvimento urbano do seu império. No final do seu reinado, ele nomeou seu filho Shapur I co-governador e morreu tranquilamente após garantir que seu império continuaria em boas mãos. Ele é considerado um dos maiores reis do Império Sassânida.


Início da vida e ascensão ao poder

Guchehr era um sátrapa da região de Persis com quem Papak, pai de Ardashir, teve uma desavença. As fontes não são claras se Papak, que era um sumo sacerdote do zoroastrismo e guardião do Templo do Fogo, começou uma revolução ou foi simplesmente um dos líderes de um conflito já em movimento. Shapur, o filho mais velho de Papak, foi preparado para suceder o pai, enquanto Ardashir foi enviado ainda criança ao comandante de Fort Darabgerd para educação militar e administração.


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Não há nenhum registro sobre o tempo de Ardashir em Darabgerd, mas ele sucedeu o comandante no forte em algum momento antes de 200 d.C. Papak destituiu Guchehr e assumiu o trono com a ajuda de Ardashir, mas o domínio da satrapia província foi passado para Shapur antes da morte de Papak, deixando Ardashir ofendido por não ter sido escolhido ao invés de seu irmão. Ele não reconheceu a autoridade de seu irmão Shapur, e os dois se prepararam para a batalha, mas Shapur morreu em um acidente quando pedras caíram de uma ameia em ruínas antes de suas tropas pudessem se encontrar no campo de batalha.


Em 208 d.C., Ardashir se declarou rei de Persis e foi recebido com oposição de seus irmãos mais novos, então, ele ordenou a execução de todos eles antes que pudessem organizar qualquer resistência armada. Esta ação não impediu que outros nobres organizassem revoltas, mas Ardashir montou campanhas e derrotou todos eles.


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O escritor Kaveh Farrokh sugere que o sucesso de Ardashir I foi graças ao seu carisma pessoal e à ligação de sua família com os curdos das terras altas:


“O sucesso de Ardashir em receber o apoio dos medos e curdos em sua revolta contra os partos pode ter sido em parte devido à sua própria herança possível como montanhês”. (178)

Artabano IV não poderia deixar o desafio de sua autoridade ficar sem resposta, mas o Império Parta era o mais fraco de todos os tempos. As incursões romanas estavam ocorrendo desde 116 d.C. e havia vários sátrapas descontentes com a forma de governar de Artabano IV. Esses sátrapas foram cortejados por Ardashir e trazidos para sua revolta. Artabano IV foi derrotado na Batalha de Hormozdgan em 224 d.C., levando o Império Parta ao fim.


Primeiro Reinado e Guerra com Roma

Uma das primeiras ordens de Ardashir I como imperador foi unir as diferentes regiões do império e aniquilar qualquer resistência. De 224 – 227 d.C., ele encomendou uma série de projetos de construção, incluindo a antiga capital do Império Parta, Ctesifonte, que havia sido destruída por Septímio Severo em 197 d.C. Mais tarde, ele transformou Ctesifonte na capital do Império Sassânida.

Ardashir I centralizou seu governo e os militares, colocando o exército no padrão Aquemênida anterior. Com relação à armadura, ele manteve as melhores características das forças selêucidas e partas, no caso dos partos, o uso da cavalaria em batalha. Ardashir I ressuscitou o padrão Aquemênida de um exército permanente (o spada ou spah) e uma posição (o kara) imposta aos sátrapas para ocupar as fileiras, e aperfeiçoou a cavalaria parta com catafractas de elite que ficou conhecida como Savarans, fortemente blindadas, guerreiros totalmente equipados e treinados que também eram cavaleiros experientes.


A maioria dos pesquisadores aceita que a coroação de Ardashir I em Ctesifonte tenha ocorrido em 224 d.C., mas algumas evidências sugerem que ele não foi coroado até unificar a maioria das terras e reconstruí a cidade em 226 – 227 d.C., após várias tentativas de anexar a cidade de Hatra que permanecia independente. Segundo os historiadores romanos, ao relacionar os relatos das guerras sassânidas com Roma, sugere que Ardashir I não teria sido capaz de reconstruir Ctesifonte antes de 226 d.C.


“Os romanos logo perceberam que a ‘nova administração’ na Pérsia era um poder a ser considerado. Ardashir corajosamente reivindicou 'sua herança legítima de seus antepassados' ao ter todos os territórios do antigo Império Aquemênida até o Mar Egeu restituídos à Pérsia. Os romanos que ocupavam todos os territórios a oeste do Tigre sabiam que um confronto com o novo Império Sassânida era quase inevitável”. Farrokh (184)

Antes que o conflito pudesse se iniciar, Ardashir I e seu filho Shapur I deslocaram suas tropas para a Mesopotâmia e a Síria e removeram os romanos em 229 d.C. Logo após o ocorrido, o imperador romano Alexandre Severo (r. 222 – 235 d.C.) despachou uma carta exigindo sua retirada imediata, mas Ardashir I o ignorou e, para piorar, tomou a Capadócia. Novamente, Alexandre Severo escreveu a Ardashir I repreendendo-o e Ardashir I enviou 400 delegados exigindo a retirada de Roma e a devolução das terras que pertenceram ao Império Aquemênida. A resposta de Severo foi prender os delegados e enviá-los para trabalhar como escravos nas fazendas romanas.


Campanha de Severo

Para enfrentar o novo rei persa, Severo lançou sua campanha em três frentes. A primeira força romana marchou pela Armênia para atacar os persas pelo Norte, o segundo veio pelo sul da Mesopotâmia e o terceiro seguiu em direção a Ctesifonte, a capital sassânida. O exército romano que avançou pelo Norte recuperou a Capadócia e arrasou a Armênia, enquanto o sul fez um progresso constante para cima e foi bem-sucedido no centro. Até o momento, eles estavam enfrentando uma parte das forças sassânidas e precisavam encontrar a cavalaria fortemente armada e altamente treinada.


Em 233 d.C., a investida romana foi interrompida quando os exércitos de Severo encontraram a cavalaria sassânida na Batalha de Ctesifonte e foram derrotados. Os cavaleiros savarans eram mestres da lança e conduziram a infantaria romana a formações menores, onde foram facilmente mortos pelos habilidosos arqueiros sassânidas que disparavam flechas sobre os romanos repetidamente e recuavam rapidamente montados em seus cavalos.


No final, a estratégia de Severo de atacar em três frentes se mostrou ineficaz, e tudo o que Ardashir I tinha que fazer era observar as linhas romanas e decidir onde atacar com a maioria de suas forças. Ardashir I, cansado de tantas campanhas ao longo de seu reinado, permitiu que o Império Romano avançasse, enquanto Severo retornou a Roma para anunciar uma grande vitória. Mais tarde, Shapur I, filho de Ardashir I, assumiria a responsabilidade de realizar novas campanhas.


Projetos e políticas de construção

Estudiosos contemporâneos sugerem que Ardashir I e os sassânidas provavelmente não tiveram conhecimento sobre o Império Aquemênida porque ele havia caído cerca de 500 anos antes e não há provas escritas existentes de que os sassânidas tiveram qualquer informação específica. No entanto, eles ignoram o fato de que a cultura persa preservava uma tradição oral.


O que Ardashir I conhecia sobre o passado é demonstrado mais claramente em seus esforços para manter a tradição religiosa de seu povo por escrito. O Zoroastrismo era uma fé oral mantida pelos sacerdotes que recitavam os preceitos do profeta Zaratustra na língua Avestan. Por gerações, os sacerdotes ensinaram os versículos memorizados até que Ardashir I ordenasse que eles deveriam ser escritos. Sacerdotes foram chamados à corte de Ardashir I para ler o Avesta e transcrevê-lo.


Este esforço em preservar o passado foi iniciado sob Ardashir I, seguindo por seu filho Shapur I, mas concluído somente sob Shapur II (r. 309 – 379 d.C.) e Kosrau I (r. 531 – 579 d.C.). O empenho de Ardashir I em preservar o passado salvou o Avesta de se perder no tempo, principalmente após as invasões muçulmanas-árabes do século VII d.C., quando vários textos zoroastrianos foram destruídos com o propósito de estabelecer a supremacia do Islã. O Avesta é parte complementar da religião do zoroastrismo atualmente.


Através das fontes primárias, fica claro que Ardashir I tinha grande conhecimento sobre a história de seu povo, mantendo o que funcionava melhor para seu império e rejeitando outros aspectos que se mostraram ineficazes. Um dos aspectos mais impressionantes do Império Sassânida foi sua visão de manter o melhor do passado e aperfeiçoá-lo.


Ardashir I ordenou a realização de projetos de construção que reproduziam a grandeza de obras-primas Aquemênida e usavam inovações partas como o arco. As obras de Ardashir I continuaram a tradição da arquitetura parta de destacar a circularidade – simbolizando integridade e estabilidade. Ele também anexou conceitos da arquitetura romana de cúpula, mas ao invés de uma cúpula no topo de uma estrutura, ela se eleva organicamente desde o início, algumas vezes apoiada pelo arco. Pesquisadores acreditam que seu filho Shapur I continuou sua visão e, possivelmente, construiu o arco de Taq Kasra em Ctesifonte.


O desenvolvimento do Minarete foi uma das inovações arquitetônicas mais importantes durante o reinado de Ardashir I, que elevou o conceito de cúpula. O minarete destacava a altura de sua torre e aumentava a grandeza da estrutura por meio de ornamentação. Os minaretes que hoje são sinônimos de arquitetura muçulmana-árabe, na verdade, eram de origem persa e datam da época do reinado de Ardashir I.


Acredita-se que o avô e, possivelmente, o pai de Ardashir I foram ambos altos sacerdotes zoroastrianos. Isso poderia explicar a transformação do zoroastrismo na religião do estado no governo de Ardashir I, mas, seguindo a política Aquemênida de tolerância religiosa, permitiu que outras religiões prestassem seu culto como achassem melhor.


Bibliografia


Mark, Joshua J. "Ardashir I." Encyclopedia of World History. Encyclopedia of World History, 24 de janeiro de 2020. Acesso, 20 de abril de 2025.

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